13/06/12

Reiventemo-nos, Humanos

Alian Botton aflora a necessidade de estruturas que preencham o buraco vazio que o afastamento da Igreja criou em muitos de nós. A vida privada não nos chega, defende. A arte não cumpre igualmente essa missão, conclui. A vida política tem outras preocupações que não a moral. O ensino tem demasiado para ensinar. E falta quem diga, preto no branco, o que é bom e é mau, quem pregue, quem confesse, quem perdoe. Assisto ao surgimento de novos "padres" sem religião, homens e mulheres que, na ausência da Igreja (ou, pelo menos, quando ela não dá resposta), pregam uma felicidade possível. Alguns criam estruturas. Tentam assegurar as necessidades daqueles que os procuram (ou talvez também das próprias). E não consigo deixar de pensar como, por mais que tenhamos evoluído, nos falta sempre a organização do formigueiro, a liderança de uma colmeia, a decisão dos soberanos de uma alcateia. Dizemo-nos superiores, mas somos menos organizados. Temos líderes que não sabem liderar. Contestamos os soberanos. E advogamos uma autonomia e uma independência que, na realidade, não faz parte da nossa natureza. Não somos nada uns sem os outros. E não conseguimos viver uns com os outros. Irónico. E sobretudo devastador. Botton apela à criação de novas estruturas. Mas eu só já acredito na criação de novos humanos.

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