07/07/12

Palavras não são só palavras

Escrever é sempre um acto solitário de reflexão, com benefícios intrínsecos para o próprio, na sua organização do mundo. Na sua capacidade de ser alguém para além de todos os seus fantasmas. Mas a desejar um sentido para a escrita, é preciso adicionar-lhe a partilha, a ousadia de permitir aos outros, através das nossas palavras, outras tantas reflexões, renovadas organizações do mundo, proliferações de fantasmas mortos em série pela simples consciência de que afinal também nos habitam. Desengane-se por isso quem pense que as palavras são só palavras. Reduto da distracção ou do mero entretenimento. Se há coisa em que acredito, dentro do meu cepticismo que é também ele um fantasma irrecusável, é que elas podem mudar o mundo. E, quem escreve, tem obrigação de as usar em seu proveito, mas sobretudo ao serviço daqueles que poderão vir a lê-lo. De todos aqueles que virão a mudar com elas.

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