Se um dia morrer sem uma única resposta, não me olhem com tristeza julgando que não devia ter vivido com tantas perguntas.
Não me olham julgando que deveria desligar o pensamento. Desistir de pensar quem sou, para que sirvo, o que é o mundo e para que serve. De onde vimos, para onde vamos, porque existimos.
É talvez mais fácil viver sem pensar, anestesiado pela falta de tempo, pela urgência do fazer, pelas alegrias do acontecer. É talvez mais fácil e talvez melhor. Mas quem nasceu para se perguntar, nunca viverá satisfeito na ausência de respostas. O pensamento de quem precisa de pensar para respirar não se desliga. Pode não ser fácil, pode não ser bom, mas é o que é para quem existe para ser assim.
Tentar anestesiar, é apenas adiar o inevitável, porque o efeito da anestesia acaba um dia, porque anestesia em excesso mata.
Tentar calar com a urgência do fazer é rebentar o que de bom existe, porque é preciso fazer muito, demais, para calar o que se quer pensar.
Tentar viver apenas nas alegrias do acontecer é maravilhoso, mas não chega. É como viver apenas uma das faces da moeda, que um dia vai inevitavelmente girar no ar, cair no chão, ser o que nunca se foi. Assumir duas faces - ainda que elas não se entendam, ainda que os outros não o compreendam - é uma verdade melhor do que a mentira de uma felicidade que não se chega.
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