25/08/15

Dos filhos

Quando for esse nada que é tudo
E tudo aquilo que hoje me cansa
For inequivocamente inútil, um disparate da existência
Terei eu ainda memória de todos aqueles que amei?
Dos filhos que deram sentido ao meu cansaço? Uma vontade de existir acima do tédio de existir?
Terei eu ainda memória dos seus rostos e das suas mãos pequeninas?
Dos seus dentes sempre a cair?
A pele suave e o cabelo que lhes esfregava?
O riso fácil? Os olhinhos doces?

Não exijo saber quantos filhos tive, como nasceram, que nomes lhes dei
Só não queria esquecer o seu olhar
E o amor. Ah, o amor que lhes tenho!
Dessa espécie de amor que nos faz vontade de recriar o tempo e o espaço só para viver outra vez.

E talvez nasçamos e morramos por isso mesmo…
Deus quer fazer-nos melhores.
Nós, apenas reencontrar aqueles que nos fazem desejar ser mortais
Só pelo medo de a eternidade os apagar em nós…

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