07/08/16

Bolero de Ravel

Voltou a tocar, ininterruptamente, enquanto se adensa, em mim, a boa inquietação que se me desata nos dedos. Noite serena. Águas quietas. Eu nem tanto. E dizia Ravel, do seu Bolero, que era uma obra trivial... Quantas obras não terão já nascido dessa trivialidade? Desse agitar suave que desencadeia tsunamis? Estou presa às teclas como forma de sobrevivência. Que a turbulência passe e eu resista, é tudo o que peço numa noite de inquietude. E consiga tocar com a minha vida para a frente, no amanhecer, até nova vaga noturna. Amanhã eu. Esta noite, todas as vidas que consigo viver e morrer enquanto a melodia toca...

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