01/04/13

Feliz Dia do Livro Infantil

Não sou escritora infanto-juvenil de vocação. Comecei bem cedo a trocar as fábulas e as aventuras por Saramago, Fernando Pessoa, Kafka ou Dostoievski. Vim cá parar por acaso, nesse acaso maravilhoso que se chama maternidade. Com os meus filhos, redescobri o gosto pela mensagem da pequena história, pela alegria do final feliz. Contemplei, quase como pela primeira vez, as palavras menos difíceis e as frases menos rebuscadas. Ousei experimentar. Achei difícil. Mas tinha olhos sedentos cá em casa, atentos aos meus movimentos, a suplicar-me que lhes dedicasse o meu tempo. O meu tempo era a minha escrita. E assim, como o meu tempo teria de ser deles também, a minha escrita passou a ser também para eles.
Mas os filhos crescem. Buscam novas aventuras. E o que antes, para mim, era simples, agora procura novas fórmulas, linguagens que desconhecia, mundos que não vivi. Sinto-me crescer com os meus filhos, por isso pergunto-me durante mais quanto tempo serei autora de livros infantis, se os olhos dos meus filhos, qualquer dia, me suplicarem os temas que não me largam e as grandes questões que me perturbam. Talvez deixe de fazer sentido. Porque infelizmente não sou uma eterna criança, mas antes uma desde sempre velhinha. Mas uma velhinha que descobriu a magia de contar histórias aos outros, sendo talvez, nesses momentos, e enquanto eles durarem, os únicos em que descobre a criança que há em si.
Desconhecendo o futuro e o que ele me levará a escrever, hoje felicito todos os autores e ilustradores de livros infanto-juvenis, felicito os pais e professores que os dão a ler e todas as crianças e jovens que os exploram com prazer. Como costumo dizer nas escolas, "talvez hoje vocês não percebam a importância do que estão a descobrir. Mas aquilo que lerem hoje pode bem ser aquilo que serão no futuro. Por isso rodeiem-se de muitas histórias, a maior quantidade possível, e sejam assim tudo o que quiserem!"
Feliz Dia Internacional do Livro Infantil!

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