10/08/13

Adeus a Urbano Tavares Rodrigues

Quando soube que o escritor Urbano Tavares Rodrigues, pai aos 85 anos, escrevera uma carta para o filho ler quando tivesse 10 anos (entre outros assuntos, sobre tolerância), passei a admirar ainda mais o homem, o pai, por detrás do escritor.
A sua vida foi muito mais do que palavras, em inúmeros sentidos e dimensões, mas são elas, sobretudo, o que nos fica, na hora da despedida:

“Que seriam dos homens, mesmo que se libertassem de certas escravidões económicas e políticas, se não pudessem preservar, defender, nos seus horários pejados de máquinas e de gestos automáticos, essas vozes que ele não queria deixar de ouvir, vozes surdas, que o ligavam, fugidiamente que fosse, aos plátanos a esfolharem-se, às sombras azuis dos telhados com sol, o último sol do dia (...)?"
(em "Terra Ocupada", 1963)

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