03/09/13

Crítica a "D. Teresa de Távora - A Amante do Rei" no blog O Tempo entre os Meus Livros

Outra crítica a "D. Teresa de Távora - A Amante do Rei" na blogosfera. E penso para mim que, se um livro publicado é um pensamento que ganha corpo, um livro que é lido é uma vida que interage com as outras vida à sua volta... E isso, para o bem e para o mal (porque nem todos os relacionamentos são perfeitos) é tudo o que faz sentido para quem o criou.

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É na voz de D.Teresa que Sara Rodi nos remete para o séc. XVIII, mais propriamente para os anos de 1738 e seguintes, passando pelos sangrentos 1755 (Terramoto de Lisboa) e 1759 (todo o processo dos Távora que culminou com a execução daquela família).

Quem nos fala não é uma mulher perfeita e tem consciência disso. Questiona as suas atitudes, interroga-se sobre aquilo que quer, comete erros e reflete sobre eles. D.Teresa, em jeito de confidência, conta-nos os seus segredos e as suas preocupações, sentindo-se um mero peão em jogos de poder que a ultrapassam completamente. Ama livremente numa época em que isso não é bem visto: as mulheres vêem-na como uma rameira e sentem medo dela; os homens, cobiçam-na.

Mas Teresa questiona também o papel da mulher na sociedade, prometida que estava, desde que nasceu, a seu sobrinho Luís Bernardo. Questiona a fé e o papel da Igreja, as profecias que justificavam os grandes desastres da natureza, como foi o terramoto, através dos pecados cometidos pelos homens.

Este tom intimista, que a autora soube tão bem reproduzir, revela uma imaginação surpreendente tanto mais que só se conhecem os traços gerais da vida de D. Teresa. O que achei espectacular ao fazer esta leitura foi o conseguir aperceber-me quais os factos verídicos que estão por detrás desta história e quais os que saíram da imaginação de Sara Rodi, sem que isso viesse a desfavorecer esta estória. Bem pelo contrário!

Retratar D.Teresa foi, sem dúvida um desafio superado com mestria. As suas ideias revolucionárias e complexas para a época mas também algo ingénuas foram soberbamente postas no papel e levam-nos a criar uma certa empatia com o seu sentir, o seu viver e o seu sofrer!

A capa traduz na perfeição o interior deste livro. Bela, sensual e algo indomável, Teresa de Távora foi alguém que pensava para mais além do que era permitido às mulheres... A autora soube introduzir neste carácter rebelde algumas questões filosóficas como o livre-arbítrio e a predestinação, enriquecendo o romance e tornando-o mais interessante para o leitor.

Recomendo esta leitura, sobretudo para aqueles que gostam de um bom romance histórico!
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http://otempoentreosmeuslivros.blogspot.pt/2013/08/d-teresa-de-tavora-amante-do-rei-de.html

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