11/09/13

Florbela, Bela Flor

Um poema da juventude (1994), escrito numa noite escura de poesia:




FLORBELA, BELA FLOR

Poema dedicado a “Soror Saudade”





Que fizeste em mim, Florbela,

bela Flor?



Que do teu reino tão distante,

tão só teu,

lanças sobre mim esse sopro de loucura, de demente

Talhas-me com aquilo que eras,

não me deixas ser aquilo que nunca foste,

e riste-te por voltar a ver, em mim, essas quimeras...



E todas essas falsas esperas,

de sonhos e desejos infinitos,

de amores nunca correspondidos,

de Deuses, de anjos benditos...



Diz-me Florbela, bela Flor,

qual será o meu destino...

Se é também morrer na dor

Se é viver esse constante ardor,

de uma vida em desatino..?



Nisso te enfrento, fraca Flor!

Que o meu caule é de ferro e fogo

E o meu espírito anseia por viver

nesta vida, a tentar ser,

marinheiro que enfrenta um Bojador...



Mas até nisso me persegues, me confundes,

o que era Vida, acabas por vencer

E se algo resta em mim, como uma flor,

até nisso acabas por morrer...



E és só tu, e sou só eu, já somos nós,

numa fusão de sonhos desfeitos,

poemas bem feitos,

almas que choram num dia de sol,

por se ser tanto, e depois nada,

viver para logo morrer,

sofrer a duração de uma risada...



Quiseste tudo,

acabaste por ser nada

E eu quis ser Eu,

acabei por seres Tu,

e nem Tu nem Eu,

nem Eu nem Tu,

que fomos tudo,

somos nada...

Sem comentários:

Enviar um comentário