Um poema da juventude (1994), escrito numa noite escura de poesia:
FLORBELA, BELA FLOR
Poema dedicado a “Soror Saudade”
Que fizeste em mim, Florbela,
bela Flor?
Que do teu reino tão distante,
tão só teu,
lanças sobre mim esse sopro de loucura, de demente
Talhas-me com aquilo que eras,
não me deixas ser aquilo que nunca foste,
e riste-te por voltar a ver, em mim, essas quimeras...
E todas essas falsas esperas,
de sonhos e desejos infinitos,
de amores nunca correspondidos,
de Deuses, de anjos benditos...
Diz-me Florbela, bela Flor,
qual será o meu destino...
Se é também morrer na dor
Se é viver esse constante ardor,
de uma vida em desatino..?
Nisso te enfrento, fraca Flor!
Que o meu caule é de ferro e fogo
E o meu espírito anseia por viver
nesta vida, a tentar ser,
marinheiro que enfrenta um Bojador...
Mas até nisso me persegues, me confundes,
o que era Vida, acabas por vencer
E se algo resta em mim, como uma flor,
até nisso acabas por morrer...
E és só tu, e sou só eu, já somos nós,
numa fusão de sonhos desfeitos,
poemas bem feitos,
almas que choram num dia de sol,
por se ser tanto, e depois nada,
viver para logo morrer,
sofrer a duração de uma risada...
Quiseste tudo,
acabaste por ser nada
E eu quis ser Eu,
acabei por seres Tu,
e nem Tu nem Eu,
nem Eu nem Tu,
que fomos tudo,
somos nada...
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