08/01/14

Vida e sonho

Nem sempre me reconheço no que sou. Como se por mim passassem vários corpos, habitando-me em palavras que dificilmente digo minhas.
Porque escrevo? Porque sinto? Sentir não é escrever, é viver. Escrever é sentir de fora. Sendo outro. Outro olhando-me. Ou eu olhando outro em mim. Escrever é esse diálogo entre o que é e não é, o que vive e não vive (ou sobrevive nas palavras de quem vive).
E se nesta realidade que habito empresto o corpo a quem nele quiser experimentar viver (ou sobreviver nas palavras que lhes empresto), quando sonho sou eu que vagueio por outros corpos que não são meus. Entro neste e depois naquele, experimento ser isto e depois aquilo. Talvez porque o sonho seja o negativo da realidade. Ou talvez aquilo a que chamo de realidade seja apenas outros sonhando. Uns experimentando os outros, como uma simples brincadeira de Carnaval...
Será que depois de eu acordar, alguém do outro lado escreve e não sabe porquê? Não percebe que sou eu a tentar sobreviver nele da única forma que me resta?

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