Farejam como cães os corpos desnudos, deitados,
Aqui e ali buscando restos de gente incauta
Faltando a transcendência e o êxtase sempre adiados
Cobram aos instintos o ardor da carne, que a matéria pauta.
Ah, transcendência oca, êxtase húmido,
que no fugaz prazer lhes ilude os sentidos
rasga-lhes o peito, falsamente púdico
Preenche o vazio dos milagres não vividos.
(Quando Deus cuspiu o Homem
da sua morada eterna
Disse-lhe "Crê e a mim voltarás
Pinta e me verás
Compõe e me ouvirás
Escreve e me lerás
Os demais prazeres serão reduto da transcendência
Presente dos céus para a vida terrena
O verdadeiro êxtase, o da tua essência
Estará na fé, estará na arte, às vezes inquieta, às vezes serena)
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