22/06/14

Sou e sou outro

Sou eu e sou sempre outro
que me olha, quieto, como morto
Sussurra-me que sim
Sussurra-me que não
Esquerda, direita
Tudo é decisão.

Às vezes não se entendem,
eu e o outro
Ou talvez o outro seja já outros que o complementem
Ouço-os chamarem-me pelo nome
(coisas do Eu, ter por quem chamar)
Não fosse eu sentir-me fora de todos eles
Eu num outro, ainda por inventar.

Cedo, por fim, à chamada
Oiço, pacientemente
E para decidir procuro
O único que, em mim, não mente.
Fala-me direito ao coração
Sabe mais do que devia
(ou tudo o que eu, sem saber, sabia)
Acompanha-me com devoção
Até à hora em que a vida me finda.

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