21/03/15

Da Poesia que descia em mim

Quando, na minha juventude, as palavras me pediam que as escrevesse, vestia um vestido branco e fugia para o terraço de minha casa, para as escrever à luz das estrelas. Era o meu vestido da poesia. Aquele que me transformava num corpo qualquer sem nome sem rosto, sem passado nem futuro, capaz de albergar, por isso mesmo, todas as vidas que nele quisessem habitar. Que através dele quisessem escrever-se neste mundo...
Enfiada no meu vestido da poesia, eu não era mais eu. Tão pouco as palavras eram minhas. Talvez por isso nunca me tenha sentido poeta, mas apenas alguém a quem, por vezes, por razões que eu desconhecia, descia da terra da poesia um qualquer poema que eu rabiscava, o melhor que podia e sabia...

A todos os Poetas (os que o são de facto, os que são às vezes, os que foram uma vez que fosse nesta vida), a todos os Poemas (melhores, piores, inacabados ou que ficaram por escrever) e a todos os Leitores (finalidade última de todas as palavras)... um Feliz Dia da Poesia!

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