23/01/16

Do medo

O medo tem um cheiro fétido
entranha-se-nos, corrói-nos
e faz-nos estranhar o mundo
como se estranha a vida ao primeiro sopro
como se estranha a morte no último adeus

Às vezes o medo entranha-se-me sem avisar
Chega do nada, por razão nenhuma
Nem sequer por coisa alguma
Sufoca-me
Questiona-me
Rouba-me a alegria da coragem
A felicidade da inconsciência
Vou, não vou
Faço, não faço
Sou, não sou
E ainda que vá e faça e seja
Será no medo do que deixei para trás
No medo do que não sei para a frente

Medo, não te quero, medo
Dispo-me e deixo-te na berma da estrada
Olho-te e confronto-te, já sem medo.
Medo... e tu de que tens medo?
E sigo, avanço
Vou
Faço
Sou
E prometo a mim mesma que, se algum medo tiver de me restar
será somente o medo de um dia voltar a ter medo

Medo... e tu de que tens medo?

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