11/05/17

O meu nome, Portugal

"O meu nome: PORTUGAL

Um dia, também eu já fui criança.
Nasci, pela mão de homens e mulheres corajosas que acreditaram em mim e me desejaram com todas as suas forças, mesmo quando estas pareciam faltar-lhe.
Nasci e ganhei um nome: Portugal.
Era ainda frágil, precisava de quem olhasse por mim e cultivasse os valores e as competências que podiam fazer de mim grande. Grande naquilo que importa. Naquilo que marca e naquilo que perdura.
Homens e mulheres de valor atravessaram-me para conhecerem as minhas capacidades e os meus talentos. E, mesmo sabendo que eu não era perfeito, que eu daria as minhas quedas e sucumbiria às minhas intempéries, puxaram pelo melhor de mim. Lutaram sempre por mim.

E eu cresci. E cresceu em mim a sede de conhecer os outros. De desbravar o mundo e os mundos à minha volta.
Tornei-me aventureiro. Descobridor pela mãos de muitos homens que se lançaram ao mar e muitas mulheres que, em terra, os choraram.
A minha coragem era, por esses dias, inabalável. Às vezes também cega e inconsequente, como a de qualquer adolescente. Ganhei muito e perdi outro tanto. Tive amores e desamores. Visões proféticas e sonhos medonhos. A vida pulsava em mim e cada dia, cada ano, cada século, era uma aventura de dados e de factos. Intensos e fugazes. Vida em mim.

Mas o tempo passou e a sede de aventura serenou. Foi preciso estabilizar, trabalhar, enriquecer. Ser um país sério. Moderno. Mais justo. Mais organizado. E muitos homens e mulheres discutiram o que eu devia ser. As leis e as políticas. As estradas e os prédios. As escolas e as fábricas. Os grandes estádios e os centros comerciais. E todo eu me tornei números e estatísticas. Gráficos a baloiçar, ora para cima, ora para baixo. Coisas importantes. Urgentes. Inadiáveis. Sempre atrasadas. Pessoas sempre stressadas. E dei por mim mais vezes triste do que alegre. Mais vezes diminuído do que capaz. Atolado em tudo aquilo que nos rouba a visão do todo. Descrente.

Até que mulheres e homens que andavam por mim à deriva, começaram a juntar-se e voltaram a lembrar-me da minha essência, da minha história e de tudo aquilo por que passei até chegar até aqui. Tudo aquilo que aprendi e tudo aquilo que venci. E essas mulheres e esses homens convocaram também todas as crianças e jovens para que voltassem a acreditar em mim e em tudo aquilo que eu tinha para lhes dar, agora de uma forma mais saudável, mais sustentável, mais equilibrada, mais justa, mais consciente, mais feliz. Reuniram-se para debater o meu futuro, e colocaram no debate também os olhos do coração. Aqueles que sabem que um país é um pedaço de terra feito de Cuidado. Que implica que cada cidadão cuide de si, cuide dos outros, da sua comunidade, das outras espécies que nele habitam e dos recursos de que todos necessitam para viver. Porque um país, mais do que qualquer outra coisa, é um pedaço de Amor. E é quando todos os países forem pedaços de Amor, que a Terra, a nossa querida Terra, será tudo aquilo que pode ser...

Este é o Portugal que eu quero ser. E conto com todos vocês, dos mais pequeninos aos mais velhos, para me ajudarem a consegui-lo."

(Sara Rodi, para a Carta Aberta de Compromisso para um Portugal mais Consciente, Saudável e Feliz a Cuidar da Casa Comum - http://www.terra.org.pt/carta_aberta_geral.html)

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