01/09/14

Do sentido da vida

Num mundo onde nos mostram tudo, interessa que não vejamos.
Num mundo onde nos ensinam tantas coisas, interessa que não vejamos para além delas.
Num mundo onde nos entopem de opiniões, interessa que não pensemos.
Num mundo tão cheio de contradições, interessa que não nos questionemos.

Num mundo onde importa somente o lucro e a rentabilidade, interessa que sejamos robots produtivos.
Num mundo onde importa somente o poder e o controlo, interessa que sejamos autómatos submissos.

Pode não ser a guerra a controlar-nos, pode não ser a violência física e a prisão, mas somos aprisionados todos os dias nas nossas dívidas, na nossa dependência energética e alimentar, controlados pelos nossos gostos, conduzidos nas nossas opiniões.
Tudo parece ser como ter de ser, e nós termos de fazer o que temos de fazer. Será? Se ser como nos dizem que tem de ser e fazer o que nos dizem que temos de fazer nos tem conduzido a um vazio, à destruição externa e interna de tudo aquilo que nos poderia dar sentido...
O modelo falhou. O mundo vive em guerra (real e económica), o planeta não durará muitos anos e a depressão alastra-se como uma epidemia incontrolável. A vida é o melhor que o Homem tem, e o Homem deseja deixar de viver. Não consegue mais dormir, não consegue mais reproduzir-se, vive ou sobrevive entre uma dependência e outra para suportar a vida. Adoece de tristeza, rebenta de stress, morre de angústia. O homem deixou de saber ser homem, mas porque deixou de conseguir ver, deixou de conseguir pensar, deixou de conseguir questionar-se, acha que ser homem é isso: é não ser nada.
O homem precisa de parar. Precisa de voltar a ver, a pensar, a questionar-se. E depois reiventar um mundo onde lhe apeteça viver. Talvez reiventando primeiro uma forma de viver no mundo, que só poderá reiventar-se na reivenção pessoal de cada um de nós...

O momento é este. A vida é esta. O que pode cada um de nós fazer para que a vida volte a ganhar sentido? O que podemos fazer por nós? O que podemos fazer por aqueles que nos rodeiam? O que podemos fazer pelo planeta inteiro que espera, ansioso, pela coragem individual de todos aqueles que o habitam?


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