02/11/13

Toureiros da ilusão

Toureio o ego na certeza de que o melhor de mim está na minha vitória. Não quero matá-lo. Quero provar-lhe que sou mais forte do que ele. Não quero magoá-lo. Quero provar-lhe que sou pequeno, perante ele, mas sei defender-me dos seus ataques.
Toureio o ego, confiante, e a vitória traz-me palmas. Flores e beijos. Êxtase. E, embriagado no barulho da glória, volto a encher-me de mim mesmo, até uma nova luta contra tudo aquilo de que me enchi.
Sou, na verdade, um toureiro cego na mais clara das evidências. Porque o ego só me ataca se eu me vestir de vermelho e gritar por ele. Só tenho necessidade de combater o meu ego se propositadamente nos levar para a arena onde todos esperam que um de nós vença. É longe de tudo isso, das palmas, da arena, do público e da glória ou frustração, que o Homem e o ego podem conviver sem necessidade de se enfrentar. Sem a urgência de um vencedor, longe de uma arena que o Homem construiu, na louca crença de que a vida é competição e somente isso aqui nos segura todos os dias.
Atroz engano, esse que nos venderam. Ilusão vazia. Porque a vida não é competir. E a felicidade não precisa de ser a luta sanguinária numa arena viciada. A felicidade pode passar, simplesmente, por descobrir, fora da arena, o que nos preenche...

1 comentário:

  1. É tão isto Sara! É tanto isto que assusta reconhecer que assim é! Vou tratar de ir devolver essa ideia bacoca, mesmo que não me devolvam o dinheiro. É que não preciso disso cá em casa!

    ResponderEliminar